Um auto-de-fé em Lisboa
“O cortejo dirigia-se lentamente para o Terreiro do Paço (…) onde se erguia um enorme estrado, que podia conter duas a três mil pessoas. Depois de um sermão. (…) liam-lhe a sentença final do tribunal.
Começavam por aqueles que tinham condenado ao açoite ou à pena da roda.
Chegava-se finalmente à apoteose: os condenados que deviam ser queimados vivos eram alcandorados até ao cimo de altas pilhas de lenha. Iam amarrados e eram entregues à populaça que lhes fazia a barba. Consistia isto em chamuscar o rosto com brasas, colocadas no topo de compridas varas. Finalmente, carrasco interrompia estas brincadeiras para atirar uma tocha para a pilha de lenha seca.
Às vezes, o vento (…) abafava as chamas ou apagava o fogo. Assim o condenado levava entre meia hora e duas ou três horas para expirar.
Suzanne Chantal, A Vida Quotidiana em Portugal
Adaptado