A queda da Monarquia
Razões da queda da Monarquia:
Apesar do desenvolvimento industrial verificado na 2ª metade do século XIX, grande parte da população portuguesa continuava a trabalhar na agricultura;
As fábricas localizavam-se sobretudo nas regiões de Lisboa e Porto;
O país tinha grandes dívidas;
A maior parte da população vivia mal;
Grande agitação e falta de liberdade.
Em 1876, formou-se o Partido Republicano Português, que propunha substituir a Monarquia pela República.
Monarquia |
República |
- O chefe de Estado é o rei. - O rei herda o trono. - Governa até à morte. |
- O chefe de Estado é o presidente. - O presidente é eleito pelos cidadãos, ou, pelos seus representantes. - A duração do mandato presidencial é limitada por lei. |
Um novo acontecimento relacionado com as colónias portuguesas em África contribuiu para que o Partido Repúblicano fosse ganhando cada vez mais apoiantes.
Portugal, depois da independência do Brasil, organizou viagens de exploração em África, com o objectivo de dominar as terras compreendidas entre Angola e Moçambique. Em 1886, Portugal apresentou um mapa (mapa cor-de-rosa), onde constavam os territórios a que se julgava com direitos. A Inglaterra opôs-se à pretensão de Portugal e, em 1890, enviou um ultimato, exigindo que os portugueses abandonassem esses territórios, sob pena de declaração de guerra. O rei D. Carlos e o governo aceitaram a exigência britânica, deixando o país numa posição humilhante.
- Em 31 de Janeiro de 1891 dá-se no Porto a primeira revolta armada contra a monarquia.
- No dia 1 de Fevereiro de 1908, em Lisboa, ocorre o regicídio: são mortos num atentado o rei D. Carlos I e o príncipe herdeiro, D. Luís Filipe.
- Sobe ao trono D. Manuel II que viria a ser o último rei em Portugal.
A 4 de Outubro de 1910, em Lisboa, deu-se a revolução republicana.
Partiu de pequenos grupos de conspiradores a que a população aderiu.
O exército monárquico não se conseguiu organizar e os revoltosos venceram.
Na manhã de 5 de Outubro de 1910, dirigentes do Partido Republicano, na varanda do edifício da Câmara Municipal de Lisboa, proclamaram a implantação da República em Portugal.
Foi criado um governo provisório, presidido por Dr. Teófilo Braga.
Medidas tomadas pelo governo provisório:
- Adoptou-se uma nova bandeira;
- O hino nacional passou a ser A Portuguesa;
- A moeda passou a ser o escudo em vez do real;
- Estabeleceu-se a igualdade entre filhos legítimos e ilegítimos.
O governo provisório organizou eleições para formar a Assembleia Constituinte, a qual organizou a nova constituição.
A Constituição Republicana ficou conhecida como a Constituição de 1911 pois foi aprovada a 19 de Agosto desse ano.
Manuel de Arriaga foi o 1º Presidente da República eleito pelo povo.
Segundo a Constituição republicana:
- Todos são iguais perante a lei;
- A expressão do pensamento é livre;
- Separação dos poderes: legislativo, executivo e judicial.
Em 1911, 70% da população portuguesa era analfabeta. Portugal precisava de trabalhadores mais instruídos e capazes de acompanhar a evolução das técnicas.
Os governos republicanos vão tomar medidas para melhorar a instrução dos portugueses:
- criaram o ensino infantil para crianças dos 4 aos 7 anos;
- tornaram o ensino primário obrigatório e gratuito para as crianças entre os 7 e os 10 anos;
- criaram novas escolas do ensino primário e técnico (escolas agrícolas, comerciais e industriais);
- fundaram "escolas normais" destinadas a formar professores primários;
- criaram Institutos Superiores de ensino técnico;
- criaram as Universidades de Lisboa e Porto e reformaram a de Coimbra.
Medidas para defender os trabalhadores:
direito à greve;
direito a 8 horas de trabalho diário e a um dia de descanso semanal;
criação de um seguro obrigatório para a doença, velhice e acidentes de trabalho.
Em 1914, os sindicatos uniram-se e surgiu a União Operária Nacional, mais tarde (1919) Confederação Geral do Trabalho.
A 1º Guerra Mundial
Entre 1914 e 1918 deu-se uma Grande Guerra na Europa. De um lado estava a Inglaterra e do outro a Alemanha. Lutavam entre si pelo domínio de territórios fora da Europa (nomeadamente em África).
Em 1916 Portugal tornou-se aliado da Inglaterra, prendendo os barcos alemães que na altura se refugiavam no nosso país. A Alemanha declarou guerra a Portugal e as nossas tropas partiram para a França e para Angola e Moçambique, onde os alemães nos atacavam.
Em 1918, a guerra terminou com a derrota da Alemanha e a morte de milhares de portugueses.
Consequências da Guerra
- Os preços dos produtos subiram enquanto que os salários não acompanhavam essa subida;
- A guerra aumentou as despesas do Estado e a divida externa, pedindo cada vez mais empréstimos ao estrangeiro. Portugal viu-se obrigado a aumentar os impostos;
- Eram frequentes as greves, as revoltas, os assaltos aos armazéns de alimentos e os atentados à bomba.
Instabilidade governativa
Os governos iam caindo uns atrás dos outros, porque não apresentavam soluções para a crise e os deputados dos diferentes partidos políticos não se entendiam.
Entre 1910 e 1926 Portugal teve 9 Presidentes da Republica e 45 Governos.
Em 28 de Maio de 1926, uma acção militar chefiada pelo General Gomes da Costa pôs fim à 1ª República.
Os últimos dias da Monarquia
2 de Outubro - Os republicanos marcam a revolução para a 1 h. do dia 4 de Outubro.
3 de Outubro - Assassinato de Miguel Bombarda. 20h: última reunião dos conspiradores na Rua da Esperança.
4 de Outubro - 0h45-1h15: revoltas no quartel de Infantaria 16 (Campo de Ourique), Artilharia I (Campolide) e quartel da Marinha (Alcântara). 5h: Acampamento na Rotunda; 7h: Cândido dos Reis é encontrado morto. 8h-9h: Os oficiais do Exército abandonam a Rotunda. 10h: Grupo de 50 manifestantes é recebido a tiro nos restauradores. 12h30-16h: Paiva Couceiro ataca a Rotunda. 14h: O S. Rafael e o Adamastor bombardeiam o Palácio Necessidades. 16h: A Marinha bombardeia o Terreiro do Paço. 21h: O navio D. Carlos cai nas mãos dos republicanos.
5 de Outubro - 6h-7h: Duelos de artilharia na Avenida. 8h-9h: Insubordinação das tropas no Rossio. A República é ,proclamada na Câmara Municipal de Lisboa.
Fonte: Correio de Domingo, 5 de Outubro de 1997